quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Asmare: catadores de BH

Asmare mudou vida de catadores e de BH

Até alcançar o reconhecimento da população e do poder público, os catadores de materiais recicláveis tiveram um longo caminho a percorrer. Foi preciso vencer o preconceito das pessoas, enfrentar o medo nas ruas e conviver com os perigos do trânsito, entre outras dificuldades. Mas os problemas e desafios enfrentados foi um dos fatores que mais impulsionaram sua organização.

O resultado do esforço é comemorado com a consolidação da Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável (Asmare) - principal entidade do Estado que reúne esses trabalhadores -, que completou 15 anos de existência. Com o trabalho, ganharam os catadores, mas também a cidade.

Um dos exemplos da interferência da entidade na capital é a redução do lixo disperso pela cidade, especialmente na Região Central. A Asmare é responsável pela coleta de cerca de 450 toneladas de material por mês. 'Isso dá uma pequena mostra do quanto esse trabalho alivia o aterro sanitário de Belo Horizonte', observa o coordenador técnico da Asmare, José Aparecido Gonçalves.

Segundo ele, se a associação não existisse, o aterro, que tem uma vida útil de 16 meses, teria esgotado sua capacidade há mais tempo. Cada belorizontino produz em média 700 gramas de lixo/dia, um total para a capital de cerca de 4.500 toneladas/dia.

O meio ambiente também se beneficiou com a ação dos catadores. Cada quilo de material que os catadores tiram das ruas é uma quantidade de lixo a menos que poderia correr para as bocas de lobo da cidade, resultando em menor risco de enchentes e redução da poluição das águas.

Outro ganho é com o trabalho de reciclagem que a Asmare faz em suas oficinas. A assessoria de imprensa da associação apresenta como resultado desse trabalho os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), que calcula que cada tonelada de papel reciclado poupa cerca de 22 árvores, economiza 71% de energia elétrica e reduz em 74% a poluição do ar.

Mas, para os catadores, nada satisfaz mais que a conquista da cidadania. 'Eles, antes, eram marginais e mendigos para a maioria da população. Hoje, representam uma categoria de trabalho', comemora Gonçalves. O catador Carlos Antônio de Jesus, 45 anos, declara que a Asmare mudou sua vida. 'Tenho mais compromisso com a minha família agora', diz ele, que é um dos fundadores da Asmare.


Jesus conta que já trabalhou como trocador de ônibus, pedreiro, servente e 'homem-aranha' - pintor de parede de edifícios -, mas a sua situação atual é a melhor em que esteve. Ele, que já viveu na rua, hoje tem uma renda média de R$ 80 por semana. 'A coisa mais importante é que as pessoas agora tratam a gente beleza', resume.



Indústria vai gerar 62 empregos

O aniversário de 15 anos da Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável (Asmare) foi 1/5, mas não houve comemoração. Isso, porque os membros da associação estão guardando as energias para agosto, quando vão inaugurar a primeira indústria de reciclagem de plástico da América Latina, e também realizar a 4ª Edição do Festival Lixo e Cidadania. A indústria deve gerar uma média de 62 empregos, beneficiando cerca de 550 famílias.


O coordenador técnico da Asmare, José Aparecido Gonçalves, explica que as vagas de emprego serão destinadas com prioridade aos catadores do Bairro Juliana, em Venda Nova, local em que a fábrica será instalada. A obra é uma parceria entre os catadores de BH e mais sete municípios - Betim, Contagem, Brumadinho, Igarapé, Nova Lima, Itaúna e Pará de Minas - com financiamento de órgãos públicos.

'Essa parceria mostra que a Asmare não se fechou nela mesma', diz Gonçalves. A obra tem um custo de cerca de R$ 4,2 milhões, incluindo os equipamentos. O produto gerado na indústria será o pelit - uma forma semi-industrializada de plástico que é a matéria-prima da indústria plástica - que será comercializada para outras empresas.


RECICLAGEM

Perfil da Asmare


- Dois galpões de armazenamento, triagem e reciclagem do material coletado
- Oficina de reciclagem
- Indústria de reciclagem de plástico (será inaugurada em agosto)
- Bar Reciclo Asmare Cultural (Avenida do Contorno, 10.564 - Barro Preto)
- Escola de Carnaval 'Estação Primeira dos Catadores'
- Festival de Lixo e Cidadania

Produção e tratamento do lixo

- Entre 1989 e 2000, enquanto a população do Brasil cresceu 16%, a quantidade de lixo coletado aumentou 56%
- 20% dos domicílios brasileiros não têm coleta de lixo
- 64% dos municípios do país destinam o material dispensado pela população para lixões ou cursos de água
- 500 mil catadores trabalham no Brasil, em mais de 3.800 municípios




Fonte: Hoje em Dia - MG


Vamos conhecer agora a história dos catadores da nossa cidade?








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