quinta-feira, 14 de maio de 2015

Você tem medo de morcegos?

Fofuras em forma de morcego

E ai, você tem medo de morcegos? Fala sério! Vai ter medo dessa fofurinha aí em cima?

O morcego, tal qual aos humanos pertence à classe dos mamíferos. Eles são  da ordem Chiroptera e  apresentam uma particularidade muito interessante: braços e mãos em forma de  asas membranosas, essa característica permite que eles voem tornando-os os únicos mamíferos capazes de voar.

O nosso medo ou amor aos animais está relacionado ao que eles simbolizam para nós.No mundo do simbólico o morcego foi eleito como um ser da escuridão, do obscuro. O autor irlandês Bram Stroker, em 1897 , contribuiu para construção simbólica do terror aos morcegos ao escrever o romance  epistolar: Conde Drácula. "Sem dúvida trata-se do mais famoso conto de vampiros  da literatura. A obra está em domínio público e pode ser obtida gratuitamente on-line, na sua íntegra, em língua inglesa.


Ah, mas eu tenho medo do morcego porque ele transmite doenças!

A transmissão de raiva humana por morcegos não acontece com tanta frequência assim a ponto de justificar sua fobia não. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, em 2008 foram notificados  apenas 3 casos de Raiva humana, sendo 2 transmitidos por morcego e 1 por sagui. Ressalte-se que, naquele ano, foi registrado o primeiro caso de cura de Raiva humana no Brasil.

O morcego tem, de fato, grande importância na manutenção  do ciclo da raiva, sendo esse mamífero  o principal responsável pela manutenção da cadeia silvestre no Brasil. No entanto, ele não tem os mesmo  hábitos prazerosos do conde Drácula, que agarra a vítima e vagarosamente chupa o seu sangue. Na verdade, o morcego morde e depois lambe a ferida de sua vítima, que na maioria das vezes são cavalos e bois. Na saliva do morcego encontra-se o vírus que é transmitido para o outro animal.


Vamos conhecer as características epidemiológicas da raiva e compreender a participação do morcego no ciclo da Raiva no homem. 

Em nosso país a Raiva é endêmica , ou seja, ela é peculiar em nossa região, é do nosso mundo natural. No entanto, nos anos de 2004 e 2005, devido a ocorrência de surtos de Raiva humana nos estados do Pará e Maranhão, o morcego passou a ser o principal responsável pelos casos de Raiva humana,o com 86,48% dos casos nesses dois anos, ultrapassando os índices de transmissão canina.



No ano de 2008, foram notificados 3 casos de Raiva humana, sendo 2 por morcego e 1 por sagui. Não houve transmissão por cão ou gato. Ressalte-se que, naquele ano, foi registrado o primeiro caso de cura da Raiva humana no Brasil.

A região Nordeste responde por 54% dos casos humanos registrados de1980 a 2008; seguida da região Norte, com 19% . Desde 1987, não há registro de casos de Raiva humana nos estados do Sul, sendo o último caso no Paraná, cuja fonte de infecção foi um morcego hematófago. No período de 1980 a 2008, cães e gatos foram responsáveis por transmitir 79% dos casos humanos de Raiva; os morcegos, por 11%. 

Podemos concluir aqui que tanto cães, quanto gatos ( esses dois  até mais )  também transmitem raiva, mas nós temos medo mesmo é do morcego!

 Se você ainda continua com medo vou te contar mais uma coisinha 

O morcego é tão fofo que a natureza decidiu que ele nem teria tantos predadores. Quando são pequenos , as corujas e os falcões se forem espertos podem garantir um morceguito pro jantar.Já em áreas urbanas o gato doméstico pode ser seu predador, quando raramente ele vai ao chão. Há também algumas cobras que são predadoras de morcegos.

Agora, me explica, se você não vai comer o morcego porque é que você deveria matá-lo?  Essa cadeia alimentar não te pertence, animal humano!

 Let it be!

Olha só, das mais de 1000 espécies de morcegos descritas, apenas 03 são hematófagos, ou seja, se alimentam de sangue.  E as outras? Alimentam-se de que? Ora bolas, elas são frugívoras ( veganas) se alimentam de frutas e são importantes dispersores de sementes, garantindo a biodiversiade que você tanto exalta!




Fonte: acervo pessoal 


Referências:

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento deVigilância Epidemiológica.Doenças  infecciosas e parasitárias : guia de bolso / Ministério da Saúde,Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica. –8. ed. rev. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.444 p. : Il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

 

 

 

 

 

 

 

 

 



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