O Cerrado é um dos biomas brasileiros mais ameaçados em termos de
perda de cobertura vegetal remanescente. Nele, o desmatamento, as
queimadas e os incêndios florestais ocasionam a alteração da paisagem, a
fragmentação dos habitats, a extinção de espécies, a invasão de espécies
exóticas, a erosão dos solos, a poluição dos aqüíferos, o assoreamento dos
rios e o desequilíbrio no ciclo de carbono, dentre outros prejuízos.
O avanço
das tecnologias desenvolvidas para o seu aproveitamento agropecuário
permitiu que, em pouco tempo, fosse explorado de forma rápida e intensiva. E
a modernização da agricultura, em curso há quatro décadas na região, levou à
perda de aproximadamente metade da área original nativa.
O bioma Cerrado é a maior região de savana tropical da América do Sul,
incluindo grande parte do Brasil Central e parte do nordeste do Paraguai e leste
da Bolívia . Faz limite com outros quatro biomas brasileiros: ao norte,
encontra-se com a Amazônia, a leste e a nordeste com a Caatinga, a leste e a
sudeste com a Mata Atlântica e a sudoeste, com o Pantanal. Nas áreas de
contato, estão as faixas de transição ou ecótonos. Nenhum outro bioma sulamericano
possui tantas zonas de contatos biogeográficos tão distintos,
conferindo-lhe um aspecto ecológico único
Ocupa cerca de 24% do território brasileiro, ou seja 2.036.448 km2
. Sua
área nuclear (área core) abrange o Distrito Federal e dez estados: Goiás, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Maranhão, Bahia, Piauí, Minas Gerais,
São Paulo e Paraná , somando aproximadamente 1.500 municípios. Ocorre
ainda em encraves isolados em praticamente quase todos os estados. Os mais
expressivos encraves, contudo, são: Campos de Humaitá e Campos do Puciarí
(Amazonas), Serra dos Pacaás Novos (Rondônia), Serra do Cachimbo (Pará) e
Chapada Diamantina (Bahia).
É o segundo maior bioma brasileiro, ocorre em altitudes que variam de
300m a mais de 1.600m e é uma das regiões de maior biodiversidade do
planeta. Compreende um mosaico de vários tipos de vegetação, savanas,
matas, campos, áreas úmidas e matas de galeria etc. Essa diversidade de
fitofisionomias é resultante da diversidade de solos, de topografia e de climas
que ocorrem no Brasil Central.
Por essas razões, principalmente pela alta biodiversidade, é considerado
como um dos biomas mais ricos, mas também um dos mais ameaçados do
mundo. No âmbito mundial, a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB),
assinada em 1992, representa um esforço para a manutenção da
biodiversidade e tem como desafio gerar diretrizes para conciliar o
desenvolvimento com a conservação e a utilização sustentável dos recursos
biológicos.
Vegetação
O Cerrado apresenta elevada riqueza de espécies, com plantas
herbáceas, arbustivas, arbóreas e cipós, totalizando 11.627 espécies
vasculares nativas (MENDONÇA et al. 2008), sendo aproximadamente 44% da
flora endêmica. Isso se deve principalmente à diversidade de ambientes,
apresentando diferentes tipos de solos, relevo e fitofisionomias, representadas
por formações florestais, savânicas e campestres. São descritos onze tipos
principais de vegetação para o bioma Cerrado, enquadrados em formações
florestais (Mata Ciliar, Mata de Galeria, Mata Seca e Cerradão), savânicas
(Cerrado sentido restrito, Parque de Cerrado, Palmeiral e Vereda) e
campestres (Campo sujo, Campo limpo e Campo rupestre). Considerando
também os subtipos neste sistema são reconhecidos 25 tipos de vegetação
(RIBEIRO & WALTER, 2008).
Fauna
Existem cerca de 320.000 espécies de animais na região, sendo apenas
0,6% formada por vertebrados. Entre esses, os insetos têm posição de
destaque com cerca de 90.000 espécies, representando 28% de toda a biota
do Cerrado (AGUIAR et al., 2009). A diversidade de ambientes do Cerrado,
conhecida também como mosaico de fitofisionomias, permite que espécies de
características ecológicas bastante distintas existam em uma mesma
localidade. Há espécies que só ocorrem em locais bem preservados e há
grupos que vivem exclusivamente em formações florestais tais como o
cerradão, a mata de galeria ou a mata seca.
Conforme os dados listados no Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas
de Extinção, mais da metade de distribuição de táxons, aproximadamente 60%,
concentra-se na Mata Atlântica, seguido pelo Cerrado (DRUMMOND &
SOARES, 2008). Enquanto que o primeiro é o mais alterado, restando-lhe
apenas 7% de sua cobertura vegetal, o segundo e vem sendo desmatado para
fins agropecuários em larga escala e para fornecimento de carvão vegetal para
o setor de siderurgia.
Conforme a lista, o Cerrado é o segundo em espécies
vulneráveis, totalizando 68. Espécies em perigo de extinção somam 20 e as
criticamente ameaçadas somam 12.
Por estar localizado no Brasil Central, residem ou transitam nele
espécies de outros biomas, enriquecendo sua diversidade biológica.
O número
estimado de espécies de aves desse bioma, 82,6%, é dependente, em maior
ou menor grau, das áreas florestais da Mata Atlântica e da Amazônia. As
espécies de aves provavelmente ocuparam o Cerrado pelas porções sudeste e
noroeste. Mais de 50% das espécies de mamíferos terrestres não voadores do
bioma estão associados às matas de galeria.
E estudo mais recente, incluindo morcegos e formas semi-aquáticas e aquáticas, revelaram que esse número
pode ser muito maior, chegando a 82% das espécies de mamíferos que
mantêm alguma associação com as matas de galeria e que correspondem à
parte dos ambientes florestais existentes no Cerrado (SOUZA, 2009).
A antropização causada principalmente pelo avanço da fronteira
agrícola, a transformação de áreas rurais em urbanas e a caça predatória são
fatores que colocam em risco a fauna brasileira.
O desmatamento fragmenta os
ambientes, provoca erosão no solo e assoreamento nos corpos d´água,
descaracterizando os ambientes naturais e causando prejuízos econômicos e
sociais.
Os incêndios florestais causam inúmeros impactos negativos à fauna,
dentre eles a baixa disponibilidade de alimentos.
Outro fator importante é o
tráfico de animais silvestres. As regiões Norte, Norte e Centro-Oeste são locais
de origem da maioria dos animais retirados na natureza. Na região CentroOeste,
80% dos animais mais procurados são as aves, em especial os
psitacídeos, como as araras e papagaios.
Fauna
Existem cerca de 320.000 espécies de animais na região, sendo apenas
0,6% formada por vertebrados. Entre esses, os insetos têm posição de
destaque com cerca de 90.000 espécies, representando 28% de toda a biota
do Cerrado (AGUIAR et al., 2009). A diversidade de ambientes do Cerrado,
conhecida também como mosaico de fitofisionomias, permite que espécies de
características ecológicas bastante distintas existam em uma mesma
localidade.
Há espécies que só ocorrem em locais bem preservados e há
grupos que vivem exclusivamente em formações florestais tais como o
cerradão, a mata de galeria ou a mata seca.
Conforme os dados listados no Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas de Extinção, mais da metade de distribuição de táxons, aproximadamente 60%, concentra-se na Mata Atlântica, seguido pelo Cerrado (DRUMMOND & SOARES, 2008). Enquanto que o primeiro é o mais alterado, restando-lhe apenas 7% de sua cobertura vegetal, o segundo e vem sendo desmatado para fins agropecuários em larga escala e para fornecimento de carvão vegetal para o setor de siderurgia.
Conforme a lista, o Cerrado é o segundo em espécies vulneráveis, totalizando 68. Espécies em perigo de extinção somam 20 e as criticamente ameaçadas somam 12. Por estar localizado no Brasil Central, residem ou transitam nele espécies de outros biomas, enriquecendo sua diversidade biológica. O número estimado de espécies de aves desse bioma, 82,6%, é dependente, em maior ou menor grau, das áreas florestais da Mata Atlântica e da Amazônia.
As espécies de aves provavelmente ocuparam o Cerrado pelas porções sudeste e noroeste. Mais de 50% das espécies de mamíferos terrestres não voadores do bioma estão associados às matas de galeria.
E estudo mais recente, incluindo morcegos e formas semi-aquáticas e aquáticas, revelaram que esse número pode ser muito maior, chegando a 82% das espécies de mamíferos que mantêm alguma associação com as matas de galeria e que correspondem à parte dos ambientes florestais existentes no Cerrado (SOUZA, 2009).
A antropização causada principalmente pelo avanço da fronteira agrícola, a transformação de áreas rurais em urbanas e a caça predatória são fatores que colocam em risco a fauna brasileira. O desmatamento fragmenta os ambientes, provoca erosão no solo e assoreamento nos corpos d´água, descaracterizando os ambientes naturais e causando prejuízos econômicos e sociais.
Os incêndios florestais causam inúmeros impactos negativos à fauna, dentre eles a baixa disponibilidade de alimentos. Outro fator importante é o tráfico de animais silvestres. As regiões Norte, Norte e Centro-Oeste são locais de origem da maioria dos animais retirados na natureza.
Gado no cerrado mato grossense Fonte: acervo pessoa |
Na região CentroOeste, 80% dos animais mais procurados são as aves, em especial os psitacídeos, como as araras e papagaios. Clima O bioma Cerrado apresenta características climáticas próprias, com precipitações variando entre 600 a 800 mm no limite com a Caatinga e de 2.000 a 2.200 mm na interface com a Amazônia. Com esta peculiaridade, existe uma grande variabilidade de solos, bem como, diferentes níveis de intemperização (REATTO & MARTINS, 2005).
Cerradão
Foto: Helci Ferreira - Disponível em: http://especializacaobiogeo.blogspot.com.br/
Geomorfologia e Solos
O Cerrado está sobre planaltos sedimentares ou cristalinos, que formam
grandes blocos homogêneos separados entre si por uma rede de depressões
periféricas ou interplanálticas (BRASIL & ALVARENGA, 1989). Esta variação
geomorfológica ajuda a explicar, pelo menos em parte, a distribuição dos
gradientes tipos de vegetação na região.
O topo dos planaltos (500 a 1.700 m)
é geralmente plano e revestido principalmente pela fitofisionomia cerrado stricto
sensu. Já as florestas ribeirinhas formam corredores lineares ao longo dos
cursos d´água. Em contraste, as depressões periféricas (100-500 m), apesar
de serem planas e pontuadas com relevos residuais, são muito mais
heterogêneas, pois são revestidas por diferentes tipos de vegetação, tais como
cerrados, florestas mesofíticas e extensas florestas ribeirinhas (SILVA &
SANTOS, 2005).
Os Latossolos representam cerca de 41 % da área, apresentam
coloração variando do vermelho ao amarelo, são profundos, bem drenados,
ácidos, com alto teor de alumínio e pobres em nutrientes como cálcio,
magnésio, potássio e alguns micronutrientes(REATTO & MARTINS, 2005).
Além desses, ocorrem os solos pedregosos e rasos (Neossolos Litólicos),
geralmente de encostas, os arenosos (Neossolos Quartzarênicos), que
representam cerca de 15% da área total, os orgânicos (Organossolos) e outros
em menor quantidade (SANZONOWICH, 2009).
Hidrografia
Em relação ao resto do País, a região central possui altitude elevada,
conhecida como Planalto Central Brasileiro, divisora de bacias hidrográficas,
com a presença de nascentes e corpos d´água. É nela que nascem as águas
de três importantes bacias hidrográficas: a do Paraná, a do São Francisco e a
do Amazonas.
Das 12 regiões hidrográficas brasileiras (cf. Resolução CONAMA nº 32/2003), seis têm nascentes no Cerrado. São elas: a região hidrográfica do Amazonas (rios Xingu, Madeira e Trombetas), do Tocantins/Araguaia, do Parnaíba, do Atlântico Norte Oriental (rio Itapecuru), do São Francisco (rios São Francisco, Pará, Paraopeba, das Velhas, Jequitaí, Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande), do Atlântico Leste (rios Pardo e Jequitinhonha), do Paraná (rios Paranaíba, Grande, Sucuriú, Verde e Pardo) e do Alto Paraguai (rios Cuiabá, São Lourenço, Taquari e Aquidauana). A participação do Cerrado para a formação das bacias hidrográficas, principalmente as de maior extensão territorial e de volume de água, também é verificada através das informações da Tabela 3. O trabalho de Lima & Silva (2005) menciona que a região é responsável por mais 70% da vazão gerada nas bacias do Araguaia/Tocantins, São Francisco e Paraná/Paraguai.
Das 12 regiões hidrográficas brasileiras (cf. Resolução CONAMA nº 32/2003), seis têm nascentes no Cerrado. São elas: a região hidrográfica do Amazonas (rios Xingu, Madeira e Trombetas), do Tocantins/Araguaia, do Parnaíba, do Atlântico Norte Oriental (rio Itapecuru), do São Francisco (rios São Francisco, Pará, Paraopeba, das Velhas, Jequitaí, Paracatu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande), do Atlântico Leste (rios Pardo e Jequitinhonha), do Paraná (rios Paranaíba, Grande, Sucuriú, Verde e Pardo) e do Alto Paraguai (rios Cuiabá, São Lourenço, Taquari e Aquidauana). A participação do Cerrado para a formação das bacias hidrográficas, principalmente as de maior extensão territorial e de volume de água, também é verificada através das informações da Tabela 3. O trabalho de Lima & Silva (2005) menciona que a região é responsável por mais 70% da vazão gerada nas bacias do Araguaia/Tocantins, São Francisco e Paraná/Paraguai.
Clima
O clima também pode ser dividido em duas estações bem definidas, uma seca, que tem início no mês de maio, terminando no mês de setembro, e outra chuvosa, que vai de outubro a abril. É importante ressaltar que, durante o período chuvoso, é comum a ocorrência de veranicos, ou seja, períodos sem chuva (ASSAD, 1994). As queimadas ocorrem constantemente na região e se agravam conforme os fenômenos naturais que ocorrem anualmente. Além de provocar efeitos negativos na fauna e na flora, aumenta significativamente a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
Fonte:O clima também pode ser dividido em duas estações bem definidas, uma seca, que tem início no mês de maio, terminando no mês de setembro, e outra chuvosa, que vai de outubro a abril. É importante ressaltar que, durante o período chuvoso, é comum a ocorrência de veranicos, ou seja, períodos sem chuva (ASSAD, 1994). As queimadas ocorrem constantemente na região e se agravam conforme os fenômenos naturais que ocorrem anualmente. Além de provocar efeitos negativos na fauna e na flora, aumenta significativamente a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.
Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/182/_arquivos/ppcerrado_consultapublica_182.pdf
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