ASPECTOS CLÍNICOS E EPIDEMIOLÓGICOS
Doença infecciosa febril aguda, cujos agentes etiológicos
são protozoários transmitidos por vetores. O quadro clínico típico é
caracterizado por febre alta, acompanhada de calafrios, sudorese profusa
e cefaleia, que ocorrem em padrões cíclicos, dependendo da espécie de plasmódio infectante.
Em alguns pacientes, aparecem sintomas
prodrômicos, vários dias antes dos paroxismos da doença, a exemplo
de náuseas, vômitos, astenia, fadiga, anorexia. Inicialmente apresenta-se
o período de infecção, que corresponde a fase sintomática inicial,
caracterizada por mal-estar, cansaço e mialgia.
O ataque paroxístico
inicia-se com calafrio, acompanhado de tremor generalizado, com duração
de 15 minutos a 1 hora. Na fase febril, a temperatura pode atingir
41°C. Esta fase pode ser acompanhada de cefaleia, náuseas e vômitos.
É seguida de sudorese intensa. A fase de remissão caracteriza-se pelo
declínio da temperatura (fase de apirexia).
A diminuição dos sintomas
causa sensação de melhora no paciente. Contudo, novos episódios de
febre podem acontecer em um mesmo dia ou com intervalos variáveis,
caracterizando um estado de febre intermitente.
O período toxêmico
ocorre se o paciente não receber terapêutica específica, adequada
e oportuna. Os sinais e sintomas podem evoluir para formas graves
e complicadas, dependendo da resposta imunológica do organismo,
aumento da parasitemia e espécie de plasmódio.
São sinais de Malária grave e complicada:
- hiperpirexia (temperatura >41°C)
- convulsão
- hiperparasitemia (>200.000/mm3 )
- vômitos repetidos
- oligúria, dispneia
- anemia intensa
- icterícia
- hemorragias
- hipotensão arterial
Sinonímia
- paludismo
- impaludismo
- febre palustre
- febre intermitente
- febre terçã benigna
- febre terçã maligna
- maleita
- sezão
- tremedeira
- batedeira
- febre
- P. malariae,
- P. vivax e
- P. falciparum.
Reservatório - O homem é o único reservatório com importância
epidemiológica para a Malária humana.
Vetores - Mosquito pertencente à ordem Diptera, infraordem Culicomorpha,
família Culicidae, gênero Anopheles Meigen, 1818. O gênero compreende cerca de 400 espécies, no mundo, das quais, cerca
de 60 ocorrem no Brasil. No país, as principais espécies transmissoras
da Malária são: Anopheles (N.) darlingi Root, 1926; Anopheles (N.)
aquasalis Curry, 1932; Anopheles (Nyssorhynchus) albitarsis s. l. Lynch-Arribálzaga,
1878.
O principal vetor de Malária no Brasil é o An.
darlingi, cujo comportamento é extremamente antropofílico e, dentre
as espécies brasileiras, é a mais encontrada picando no interior e nas
proximidades das residências.
Popularmente, os vetores da doença são
conhecidos por “carapanã”, “muriçoca”, “sovela”, “mosquito-prego” e
“bicuda”.
Modo de transmissão - Por meio da picada da fêmea do mosquito
Anopheles, infectada pelo Plasmodium. Os vetores são mais abundantes
nos horários crepusculares, ao entardecer e ao amanhecer. Todavia, são
encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor
quantidade em algumas horas da noite.
Não há transmissão direta
da doença de pessoa a pessoa. Raramente pode ocorrer a transmissão
por meio de transfusão de sangue contaminado ou do uso compartilhado
de seringas contaminadas.
Mais rara ainda é a transmissão congênita.
Período de incubação - Varia de acordo com a espécie de plasmódio:
- P. falciparum, de 8 a 12 dias;
- P. vivax, de 13 a 17 dias;
- P. malariae, de 18 a 30 dias.
Os gametócitos
surgem, na corrente sanguínea, em períodos variáveis: de poucas horas,
para o
- P. vivax, e de 7 a 12 dias,
- para o P. falciparum. Para Malária por P. falciparum, o indivíduo pode ser fonte de infecção por até 1 ano;
- P. vivax, até 3 anos; e
- P. malariae, por mais de 3 anos, desde que não seja adequadamente tratado.
Qualquer doente que, em consequência da Malária, esteja inapto a receber medicação oral, apresente algum
grau de disfunção orgânica ou apresente parasitemia elevada encontra-se
sob risco de morrer por uma das complicações da doença.
O aparecimento
de hipertermia, forte cefaleia, sonolência, convulsões, anemia
intensa, dispneia, vômitos repetidos, insuficiência renal aguda, edema
pulmonar agudo, hipoglicemia, disfunção hepática, hemoglobinúria
(hemólise intravascular aguda maciça), hipotensão arterial, oligúria,
icterícia, distúrbio da consciência e choque constituem sinais clínicos
de alerta de Malária grave.
Diagnóstico - O diagnóstico de certeza da infecção malárica só é
possível pela demonstração do parasito ou de antígenos relacionados,
no sangue periférico do paciente.
Tratamento - O tratamento da Malária visa a atingir o parasito em
pontos-chave de seu ciclo evolutivo, os quais podem ser didaticamente
resumidos em: interrupção da esquizogonia sanguínea, responsável
pela patogenia e manifestações clínicas da infecção, destruição de formas
latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies
P. vivax e P. ovale, evitando assim as recaídas tardias, interrupção da
transmissão do parasito, pelo uso de drogas que impedem o desenvolvimento
de formas sexuadas dos parasitos (gametócitos).
Para atingir esses objetivos, diversas drogas são utilizadas, cada uma
delas agindo de forma específica, tentando impedir o desenvolvimento
do parasito no hospedeiro.
O Ministério da Saúde, por intermédio de uma política nacional de
medicamentos para tratamento da Malária, orienta a terapêutica e disponibiliza
gratuitamente os medicamentos antimaláricos utilizados em
todo o território nacional, em unidades do Sistema Único de Saúde
(SUS).
O tratamento adequado e oportuno da Malária é, hoje, o principal
alicerce para o controle da doença. A decisão quanto ao tratamento
do paciente com Malária deve ser precedida de informações sobre os
seguintes aspectos: espécie de plasmódio infectante, pela especificidade
dos esquemas terapêuticos a serem utilizados; idade do paciente,
pela maior toxicidade para crianças e idosos; história de exposição anterior
à infecção uma vez que indivíduos primoinfectados tendem a
apresentar formas mais graves da doença; condições associadas, tais
como gravidez e outros problemas de saúde; gravidade da doença, pela
necessidade de hospitalização e de tratamento com esquemas especiais
de antimaláricos.
Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/doencas_infecciosas_parasitaria_guia_bolso.pdfAcesso em: 22 março 2016
Vídeos sobre a Malária
Aspectos sociais de ambientais da doença:
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